A IMPORTÂNCIA DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
“Capacetes, Protetores bucais, Coquilhas, Botas Caneleiras”
As luvas foram criadas para proteger as mãos de quem as usa ou para proteger o rosto do oponente?
Boa pergunta! Esta questão já foi amplamente discutida por muitos anos. Se me fosse feita esta pergunta eu responderia de imediato “para proteger as mãos, já que a estrutura óssea das mãos é mais frágil em relação à estrutura óssea do crânio”. Esta era a resposta corrente que a maioria tinha como opção de resposta. Já hoje eu tenho outra opinião a respeito desta resposta.
Se Jack Broughton criou as luvas para, segundo ele mesmo “evitar inconvenientes, como olho roxo, queixos quebrados e narizes sangrando”, concluímos que as luvas são para proteger o rosto. Todavia verificamos que com as luvas e com a bandagem tradicional as mãos são também protegidas do atrito entre estruturas ósseas diferentes, ou seja, mão e rosto.
Hoje, a minha resposta seria que as luvas foram criadas para proteger o rosto, só que com isso criou-se um dispositivo de proteção para as mãos como já falamos no artigo anterior.
Lembrando que esta proteção foi maximizada com a criação do capacete, que auxilia na proteção contra cortes e contusões externas na face (repetindo contusões externas), e do protetor bucal que alguns acreditam ser unicamente para a proteção dos dentes.
Na realidade o protetor bucal além da proteção contra a quebra dos dentes, auxilia na diminuição dos efeitos internos dos impactos causados pelos socos destinados à cabeça durante treinos e combates.
Sabemos Através de Kandel, ER; Schwartz JH, Jessel (1995) que a estrutura cerebral dentro do crânio e feita de um tecido muito mole, de textura comparável à da geléia.
Façamos uma comparação: coloque geléia dentro de um copo ou tigela e bata com uma das mãos em uma das laterais do copo ou da tigela, este mesmo abalo por sua similiaridade de textura acontecera com o cérebro dentro da caixa craniana de quem receber um soco, ou simplesmete cabecear uma bola durante uma partida de futebol.
Por este motivo é que o dispositivo do nocaute existe. Pegue agora este mesmo copo em suas mãos e gire o mesmo em seu eixo com velocidade, pois é a geléia vai para o outro lado, é isso que acontece quando se leva um soco no queixo só que quem vai para o outro lado é o cérebro, e com isso para proteção o próprio cérebro se desliga para evitar maiores traumas, assim o atleta perde a conciência. É o clássico nocaute.
Reafirmamos assim, a importância da utilização do material de proteção, luvas, capacetes, protetor bucal, coquilhas (que não precisamos esplanar aqui sua importância), da mesmo forma que durante os treinos de Full Contact/kickboxing o material, além do já citado, é complementado com: botas e caneleiras, por motivos similares.
A estrutura óssea dos pés como das mão e compostas por ossos longos e da mesma forma é uma estrutura complexa, responsável por funções como: apoio, equilíbrio, impulsão, absorção de impacto e postura. Dentro desta estrutura coordenada encontramos 26 ossos, dezenas de articulações, ligamentos, músculos e tendões, além da estrutura neurovascular.
Diante do exposto, sem sombra de dúvidas, podemos afirmar que chutar, submete os pés a uma série de problemas em virtude dos traumas causados pelos impactos sofridos. Em locais como o cotovelo, quem já chutou um cotovelo sabe do que eu estou falando, e a caneleira completa esta proteção dos membros inferiores.
Se o atleta se machucar por trauma contundente nas mãos, rosto ou pés, ele, no mínimo, ficará afastado dos treinos por 15 dias, traumas este que poderiam ser minimizados ou simplesmente inexistirem pelo uso correto do equipamento.
E utilizando as palavras do grande Muhammad Ali “Campeões não são feitos em academias, campeões são feitos de algo que eles têm profundamente dentro de si – um desejo, um sonho, uma visão” e digo mais, se houver um bom acompanhamento técnico e equipamento de segurança, quem poderá parar o campeão?
Bons Treinos!!!!
Anselmo Silva
Professor Educação Física
Especialista
CREF 283/G-AL
4 comentários:
Na década de 90, nos primórdios do Full Contact no RN e quiçá no País( parece que estamos ficando velhos), tive a honra de compartilhar da presença amiga, lídima,capacitada, desta criatura que carrega no arcabouço mental muito conhecimento sobre Kickboxing. Lembro-me dos nossos enriquecidos diálogos sobre Bruce Lee, quando eu defendo o Pai do Jeet Kune Do e o Ancelmo se referindo a ele como apenas um ator, pois nunca tinha colocado uma luva ou feito uma luta. Ele dizia: - Lutador é o Dominique Valera, que o último homem que recebeu um chute seu disse que não era um chute e sim um coice de uma mula...kkk... Bons tempos. O Ancelmo, juntamente com o Carlão foram professores que me alicerçaram a adolescência. Sempre um leitor assíduo, muito atento e atualizado sobre as lutas de contato, Boxe e especialmente o Kick, vejo que ele agora está muito mais preparado, pois muniu-se do conhecimento acadêmico da nobre ciência do movimento humano que sintetiza a Educação Física. Gostei muito das suas elucidações em torno da necessidade dos protetores, seja de mãos, pés, cabeça, genital ou bucal. Realmente digno de quem viu o crescimento do Full Contact no RN, sendo árbitro do primeiro torneio da modalidade na Assen em 1990, o qual fui campeão na categoria cruzador e inclusive ele arbitrou a minha luta na final contra o Júlio. Lembro-me muito bem, quando em 1994, em Maceió, o Ancelmo (ladeado por seu fiel escudeiro, Paulo Mendes), foi campeão brasileiro amador em sua categoria, vencendo com brilhantismo e um excelente Boxe o seu expoente, um baiano. Falar deste sujeito, é relembrar a nossa história e a história do Kick.
Pois é caro Alexandre estamos ficando velhos, o bom é que o tempo gasto em treinos, agora é revertido em estudos, boas lembranças. Obrigado por sua atenção.
Maceió, 05/06/2010.
Mais uma vez, venho em público, agradecer ao Prof. Anselmo, em meu nome e em nome de todos que competem e apreciam os Esportes de Combates.
Mais uma aula nos foi ofertada pela capacidade e inquietude, no ato de ensinar, do nosso estimado amigo e Prof. Anselmo.
O exemplo colocado para explicar o que os pesquisadores: Kandel, ER; Schwartz JH, Jessel (1995) relataram a respeito do cérebro parecer com uma "geléia", foi de uma propriedade sagaz, só não entende, quem não quer.
Também, de posse do que o Prof. Anselmo relatou a respeito de impactos em outros esportes.
Deixo um alerta aos Professores de Educação Física, Treinadores Esportivos e Atletas de outras Modalidades Esportivas, principalmente àquelas em que o objetivo não seria golpear o adversário e muito menos provocar o nocaute... Esportes como o Futebol de Campo, Futsal etc, por exemplo, estão muito suscetíveis a lesões cerebrais diversas - graves ou não, principalmente por aqueles atletas cujas funções e posicionamentos em campo e/ou em quadra, têm de utilizar o cabeceio (cabeça), seja de maneira ofensiva (atacantes / centroavantes etc.) ou mesmo de maneira defensiva (zagueiros / beques etc.).
É só multiplicar o número de cabeçadas que um determinado atleta realiza por jogo e aí multiplicar pelos jogos (semanais - mensais - anuais – vida atlética), sem aqui falarmos nas diferentes intensidades (velocidades) com que a bola se choca na cabeça desses atletas. FICA O REGISTRO E O ALERTA!!!
Finalizando... Mais uma vez o Prof. Anselmo foi muito feliz quando citou o Grande, o Lendário, o Inigualável e Inimitável Muhammad Ali (Cassius Clay) - “Campeões não são feitos em academias, campeões são feitos de algo que eles têm profundamente dentro de si – um desejo, um sonho, uma visão”. É a mais pura verdade, se todos os 'Campeões de Verdade' dependessem apenas de Treinamento, Nutrição e Descanso, não caberiam mais campeões na superfície terrestre - todos assim poderiam sê-lo.
Um Abraço.
Paulo Mendes
Prof. Ed. Física(REG-ME LP 9491) e Ex-Boxeador
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